Celebrar os 500 anos da morte de alguém tão grande é celebrar, antes de mais, a sua vida e a obra que nos deixou. Por essa razão, a Égide, em parceria com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, decidiu inaugurar simbolicamente a programação evocativa do 5º centenário da morte da Rainha D. Leonor de Portugal no dia do seu nascimento, 2 de Maio.
Numa clara evocação da grandeza do tempo em que D. Leonor viveu, o apogeu da era dos descobrimentos, escolheu-se um dos compositores da nossa galeria histórica que melhor preconiza a síntese perfeita da importância que o empreendimento ultramarino representou do ponto de vista da circulação, relembrando-nos o papel globalizante de Portugal, tantos séculos antes do milénio em que vivemos.
O compositor Marcos Portugal, embora nascido em Lisboa bem depois de D. Leonor, a 24 de Março de 1782 e falecido no Rio de Janeiro, a 17 de Fevereiro de 1830, foi, em termos absolutos, o mais famoso compositor luso brasileiro de sempre. Muito embora tenha sido conhecido na Europa essencialmente pela sua criação dramática, em Portugal e no Brasil a sua notoriedade assentou no repertório litúrgico.
A “Missa Grande”, na sua versão para solistas, coro misto e baixo contínuo, com a qual assinalamos a abertura oficial das comemorações dos 500 anos da Rainha D. Leonor de Portugal em Lisboa, terá sido escrita entre 1782 e 1790, em forma concertata, isto é, com alternância e diálogo entre o coro e os solistas, constituindo-se como paradigma da música religiosa portuguesa de finais do século XVIII e século XIX.

